PEDAGOGIA DO FUTSAL NO CONTEXTO EDUCACIONAL DA ESCOLA

Esporte na escola e esporte da escola... especialização precoce e diversificação... fragmentação de conteúdos e sistematização de conteúdos... Dentre os discursos e propostas idealistas que se contrapõem à realidade praticada na escola, como deveria ser trabalhado o futsal escolar?
    A realidade escolar atual têm no esporte seu conteúdo fundamental e único, delimitando em bimestres as modalidades esportivas coletivas (voleibol, basquetebol, handebol e futsal) e reproduzindo o esporte do clube na escola, ou seja, esporte na escola. Sob a ótica de que o clube atende apenas a um segmento social e, ainda, possui materiais diversos para a prática esportiva (bolas para todos os alunos) e possibilita a homogeneidade dos praticantes (sexo e idade), podemos afirmar que o esporte do clube é igual ao esporte da escola? Pensando especialmente nas escolas públicas, o contexto educacional é adverso ao clube, à contabilizar os materiais (geralmente inexistentes), sem falar no grupo heterogêneo, não só no sexo e idade, mas características sociais. Então, deve existir o esporte da escola e não apenas instituir o esporte na escola! O esporte neste sentido deve ser compreendido como facilitador no processo educacional, concebido como meio de integração e formação do aluno (PAES, 2001). Assim, deve estar vinculada aos objetivos estabelecidos pelo projeto pedagógico da escola que transcendem os objetivos de uma prática esportivizada com fim somente na prática (PAES, 2002).

    A educação física escolar enfrenta entraves que são agravados pelo desinteresse, desinformação, utilização de pedagogias inadequadas, entre outras características do profissional que atua na área. A especialização precoce é um problema grave constantemente presenciado na escola, pois os professores tentam transformar crianças em atletas, inspirados pela glória da vitória nos diversos jogos escolares. Neste caso além de gerar problemas como estresse na competição, saturação esportiva, lesões, formação escolar deficiente, ausência da diversificação de movimentos e reduzida participação em jogos e brincadeiras (SANTANA, 2003a), cultiva ainda a exclusão dos menos aptos. O esporte é trabalhado de forma desorganizada, sem a continuidade e a evolução necessária ao aprendizado, sendo que há o hábito de repetir os conteúdos nas diferentes fases do ensino, por exemplo o futsal trabalhado na 4ª série é o mesmo da 6ª série, que por sua vez é o mesmo do 2º colegial (PAES, 2002).

    Será o fim da educação física escolar e do esporte escolar? O que fazer? O aspecto relevante para a construção de uma proposta pedagógica que norteie o esporte da escola (e todo o conteúdo da educação física) é a sistematização dos conteúdos, relevando os diferentes níveis de ensino e a diversificação dos conteúdos. No caso do futsal (não diferente dos outros conteúdos), deve-se obedecer a uma sequência de aprendizagem, respeitando as características dos alunos em cada faixa etária, e trabalhando o esporte de forma organizada e sistematizada (PAES, 2001). A diversificação de movimentos, das práticas e manifestações (neste caso, dentro do futsal), ampliam o universo de possibilidades dos alunos, já que a educação física escolar dispõe de uma diversidade de formas de abordagem para a aprendizagem, entre elas as situações de jogo coletivo, os exercícios de preparação corporal, de aperfeiçoamento, de improvisação, a imitação de modelos, a apreciação e discussão, os circuitos, as atividades recreativas, enfim, todas devem ser utilizadas como recurso para a aprendizagem (BRASIL, 1998).

    Mas todo este discurso não terá lógica alguma se não for sustentado por algumas palavras chaves, que são princípios indispensáveis para o desenvolvimento integral dos alunos: autonomia, inclusão, cooperação, convivência, participação e as inteligências múltiplas. Assim, este texto tem o objetivo principal de sugerir uma sistematização dos conteúdos do futsal no âmbito da educação física escolar (ensino fundamental – 1ª a 8ª séries).